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As aftas ardem e doem... mas saram se você não mexer! Veja mitos e verdades

Mitos e verdades - 18/04/2015 23:32 (atualizado em 30/11/-0001 00:00)
De repente, um pontinho pequeno dói na boca. Aí você se lembra do abacaxi que comeu na sobremesa, da chegada da menstruação ou do estresse que passou recentemente. É afta. Hora de se preparar para aguentar alguns dias de incômodo para comer, beber e até falar. Se servir de consolo, saiba que você não é o único a sofrer assim. Segundo especialistas, uma em cinco pessoas tem afta.
Difícil é saber como tratar. Talvez poucos fenômenos do nosso organismo gerem tantas dúvidas como a afta e, ao mesmo tempo, tantas receitas "milagrosas".
"Pode virar um tumor?", há quem se pergunte. "Você deve estar com pouca vitamina", palpita alguém. "Olha, para sarar, tem uma pomadinha tiro e queda."
Qual bochecha com afta que nunca recebeu esses conselhos? Ou aquele recorrente: "Coloca bicarbonato de sódio em cima dela e aguenta a dor!".
O que talvez as pessoas não percebam é que a afta, na verdade, é algo simples, sem mistério e previsível. A começar pela identificação do problema: "A pessoa faz o diagnóstico sozinha. Ela abre a boca e diz: 'Estou com afta'", afirma o cirurgião-dentista Arthur Cerri, assessor científico da Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas.
E o tempo para sarar é quase "matemático". "Dura de 10 a 14 dias, com pelo menos quatro dias de dor", completa o dentista.
Não há nada de grave nas aftas, são apenas lesões esbranquiçadas e às vezes amareladas, de 2,3 mm a 8 mm, sem pus, bactérias ou outros sinais de infecção.
Mas não é à toa que reclamamos. Segundo Marta Silvestre, cirurgiã-dentista do Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein, as aftas doem muito nos primeiros dias, quando há "ulceração da membrana que cobre um tecido, com aumento de vascularização". As fibras nervosas expostas, por isso o ardor.

Ou seja, não existe afta indolor.

O que não é consenso entre especialistas é a causa. "Envolve causas hormonais, causas ácidas, causas bacterianas, hereditárias e por aí vai. Todas aceitas e válidas", diz Arthur Cerri.
Se você tiver propensão ao aparecimento de afta, é importante evitar a acidez, que ataca a mucosa e causa lesões na boca.
Depois das refeições e quando comemos frutas cítricas, a saliva, que é quase neutra, fica mais ácida. Por isso a dica é não esquecer de escovar os dentes.
O própolis, que tem efeito cicatrizante, e o bicarbonato de sódio, que reduz a acidez da boca, podem ajudar, mas é preciso cuidado para não piorar o estado de uma lesão. O recomendável é fazer bochecho. 
Pomadas podem aliviar a dor, mas seu uso não é totalmente eficaz. A boca, por ser úmida, dissolve qualquer coisa que se coloque nela.
E nem pense em queimar ou colocar cinza de cigarro. Essas recomendações são mitos que podem, isso sim, causar um mal maior, como uma grande infecção.
Além disso, uma dieta balanceada é importante para manter a boa saúde do organismo e prevenir ulcerações. Quando a afta aparecer, o melhor a fazer é evitar condimentos e temperos, que doem quando entram em contato com ferida.
E, de resto, não mexer e esperar. "Deixa a afta lá. Tenha paciência um pouquinho que ela vai desaparecer", dizem os dentistas.

Remédios, só para casos graves

Se uma afta incomoda, imagine várias ou uma após a outra.
Há pessoas que sofrem de forma aguda. "Elas têm surtos, não conseguem nem beber água porque dói", conta o cirurgião-dentista Arthur Cerri. Nestes caso, cabe um anestésico.
Segundo o especialista, o uso de qualquer medicamento deve ser feito com prescrição médica. "Eles interferem na microbiota da boca, por isso é preciso de orientação."
Em casos graves, há remédios sistêmicos, que atuam no estômago e intestino, por exemplo. Ou pomadas para serem aplicadas diretamente na mucosa, como as de corticosteroide.
"Pode ser utilizado também bochechos com elixir de dexametasona. Em áreas de difícil acesso, como nos pilares tonsilares [área próxima à garganta], o spray de dipropionato de beclometasona", explica a cirurgiã-dentista Marta Silvestre.
Quanto ao tratamento com uso de vitamina B, para suprir possível carência no organismo, não há pesquisas quem comprovem sua eficácia.
Vale lembrar que, por não ter uma causa específica, o problema não conta com um tratamento específico.

Mitos e verdades
O melhor para curar a afta é não mexer nela. Com nada! VERDADE: Quer fazer com que a afta cure no melhor tempo possível, sem mais ardores e sem complicação? Então deixa ela lá no lugarzinho onde apareceu e não mexa mais! "O melhor tratamento para a afta é deixá-la fazer o período de evolução. Afta não tem causa específica, por isso não tem tratamento específico. Não tem de ficar fuçando", afirma o cirurgião-dentista Arthur Cerri. O médico lembra que ela tem um período certo de evolução, que é de uma a duas semanas, com ao menos quatro dias de ardor. E recomenda tomar cuidado com a alimentação. "Condimento dói, tempero dói, sal dói, pimenta dói. Na afta há nervos expostos. 

Suco de couve, própolis, vitamina B e pomadas previnem e melhoram a afta. PARCIALMENTE VERDADE: Pomadas para minimizar a dor, substâncias para acelerar a cicatrização, vitaminas para evitar o aparecimento: são várias as dicas que existem para quem tem afta. 
Comer abacaxi ou frutas cítricas provoca aftas. VERDADE: "Todas as frutas cítricas, aliadas a outros componentes, podem levar ao aparecimento de aftas", diz Marta Silvestre, cirurgiã-dentista do Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein.
Problemas com aftas podem ter fundo emocional, como estresse. VERDADE: A causa da afta é multifatorial, e a medicina não possui um consenso para explicar o que provoca essas feridinhas incômodas. "Envolve causas hormonais, causas ácidas, causas bacterianas, hereditárias e por aí vai", diz o cirurgião-dentista Arthur Cerri.

Pode aparecer afta em qualquer lugar da boca. MITO: Aftas aparecem em áreas da boca onde não há proteção de queratina. Basta observar que não há aparecimento de aftas em regiões mais "duras", como no céu da boca ou na parte da gengiva mais próxima dos dentes. "Elas ocorrem nos lugares em que a mucosa é mais vulnerável, mais sensível", explica o cirurgião-dentista Arthur Cerri. Os locais mais comuns são a bochecha, o lábio, a parte lateral da língua e o assoalho bucal.

Mudanças hormonais podem provocar aftas. VERDADE: Devido ao ciclo menstrual, muitas mulheres sofrem com a aparição dessas pequenas lesões. Mas nem toda mudança de hormônios no corpo tem esse resultado. "Gestantes, que também passam por alterações hormonais, não costumam apresentar aftas devido à ceratinização [deposição de ceratina em células de tecidos, como os da mucosa]", diz Marta Silvestre, cirurgiã-dentista do Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein.

Aftas são o mesmo que herpes. Ou é igual a sapinho. MITO: Aftas não são nem herpes nem sapinho. "O herpes labial se apresenta como vesículas que, após se romperem, podem virar pequenas úlceras, podendo ser confundidas com aftas", diz a cirurgiã-dentista Marta Silvestre. Já o sapinho é o tipo mais comum de estomatite, uma inflamação bucal que pode desencadear aftas, mas que não é a mesma doença.

Afta pode virar uma séria infecção. VERDADE: Se não tomar cuidado, as aftas podem piorar, chegando até mesmo a infeccionar. Isso costuma ocorrer quando, na tentativa de curá-la, a pessoa mexe muito na afta.
Afta pode ser passada pelo beijo. MITO: A afta não é uma doença transmissível. Portanto não é contraída pelo beijo ou qualquer outro tipo de contato da boca.

Fazer sexo oral quando estiver com afta pode aumentar a chance de contrair DSTs. VERDADE: A afta é uma ferida, que deixa uma área exposta na boca para contaminações.
Afta é hereditária. VERDADE: A causa da afta é multifatorial, sendo que não há consenso entre os médicos sobre qual seria a principal. Mas, se fosse para escolher um fator de maior influência, muitos indicam a causa hereditária. 
Colocar cinza de cigarro e queimar a afta são formas eficientes de tratamento. MITO: Cinza de cigarro e queimaduras podem, na verdade, piorar a lesão e causar infecção. No entanto, há uma curiosidade sobre a relação entre fumo e aftas. "O cigarro estimula uma proteção da mucosa, dificultando assim a instalação de aftas", diz Arthur Cerri. 
Higiene bucal ajuda a prevenir e tratar aftas. VERDADE: Quer evitar aftas e ajudá-las a sararem? Escove bem os dentes, pois, após as refeições, a acidez da boca aumenta. "Por isso é importante fazer a higienização depois de comer. Ajuda a diminuir a acidez, que é um dos fatores que causam a afta", diz o dentista Arthur Cerri.
Fonte: UOL
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