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“Ele se tornou sinônimo de transformação na minha vida”

Nesta edição do Jornal Gazeta Catarinense, colocamos em evidência a história da mãe Ana Paula Stanga, de São Miguel do Oeste, e do filho João Vitor, que ao nascer prematuro, foi diagnosticado com paralisia cerebral. A luta da mãe Ana e do pai Claudinei, é um belo exemplo para ser transmitido

Dia das Mães - 08/05/2015 08:22 (atualizado em 30/11/-0001 00:00)
Mais uma comemoração oriunda da mitologia grega, acontece neste domingo, dia 10 de maio. O dia das mães como é denominado, é uma data que, traz um sentido de homenagear as mulheresmães. É uma data onde vale mais refletir sobre a importância destas mulheres na vida das pessoas muito além do consumismo como prova de amor. 
Nesse sentido, para contextualizar um dos significados do dia das mães, a reportagem do Jornal Gazeta Catarinense desta semana, encontrou, em meio a muitas narrativas, a história de Ana Paula Stanga, 30 anos, de São Miguel do Oeste, mãe do João Vitor Stanga, 06 anos. Depois de mais de uma hora de entrevista, uma das melhores atribuições encontradas para recordar a data está ligada ao bem querer, ao sentir-se responsável e doar-se pela vida do outro. Essa história que envolve a mãe Ana, o pai Claudinei e o filho João Vitor começou há seis anos, quando o casal decidiu ter um filho. – “A gente queria muito, já se passavam sete anos de casamento”, conta Ana. 
Mas, o que parece natural para muitos casais, para Ana e Claudinei se tornou uma dificuldade e iniciou-se um processo incansável de consultas, tratamentos para fazer com que o sonho de ter um filho finalmente se tornasse realidade. “Nós dois tínhamos problemas de fertilização. Procuramos diversas alternativas e nada parecia dar certo. Foi quando resolvemos ‘esquecer’ um pouco este sonho. Era época de carnaval. Decidimos seguir a nossa vida sem nos desesperarmos”, recorda. 
Desde que o filho nasceu, Ana sempre esteve muito presente na busca por tratamentos e alternativas para que ele pudesse viver melhor 

Ana sempre estudou muito, trabalhou, e sentia-se independente. O dia era bastante curto para que ela conseguisse realizar todas as atividades que planejava para a semana. Em uma das festas realizadas pela família, há seis anos, Ana conta que sofreu um mal-estar e foi para o quarto. “Minha mãe disse: ‘Você está grávida Ana’, e eu retornei para ela: ‘Que bom que fosse mesmo’, mas já tinham sido tantas tentativas que eu não cogitava essa possibilidade”, lembra. 
Na mesma semana, Ana foi a uma sessão de reiki e saiu dela com a certeza de que outra energia estava presente em seu corpo. “Liguei para o Claudinei e contei o que estava acontecendo. Resolvi fazer um teste e realmente a minha gravidez havia se confirmado”, recorda.


A felicidade parecia transbordar, afinal, Ana desejava muito ser mãe. Mas ao aproximar-se dos seis meses de gestação, iniciou-se também, um longo período de luta pela vida do bebê. “Eu sempre digo que foi Deus quem mandou o João para mim. Eu estava me dirigindo para fazer uma consulta com a nutricionista quando o médico que cuidava da minha gestação passou por mim e perguntou se eu estava bem. Falei que não estava nos melhores dias e ele solicitou que eu fosse até o consultório. Foi neste instante que descobri que estava em trabalho de parto já”, conta.  
Depois de seis dias de repouso em casa, Ana entrou novamente em trabalho de parto, mas, foi somente quando o susto se repetiu pela terceira vez que ela levou, segundo conta, um choque de realidade. “Fui encaminhada para UTI de Chapecó e lá, passei todos os medos. Era tudo muito estranho, pessoas desconhecidas”, recorda.  
Com seis meses de gestação, João Vitor nasceu. Ana conta que ele pesava apenas 900 gramas e possuía 30 centímetros. João tem paralisia cerebral, quando este diagnóstico foi apresentado para Ana e o marido, uma nova forma de viver e de amar, também brotou na vida dos dois. Foram 101 dias vivenciados dentro do hospital em Chapecó, até finalmente, João ser liberado para conhecer a casa que já estava pronta para lhe acolher. “O João era pra ser pra mim, conseguir ter ele sem tratamento, estar na hora e no local certo para encontrar o médico, com certeza, não é por acaso”, afirma. 
Ana conta que desde sempre buscou pesquisar e procurar pelos melhores métodos de reabilitação. Chegou a alugar um apartamento em Pato Branco para ficar com o filho durante os dias de tratamento, enquanto o marido, Claudinei permanecia em São Miguel do Oeste, trabalhando. Ana também frequentou um ano de APAE junto com o filho, para aprender todos os métodos de estímulo da criança. Em Florianópolis, conta que chegou a ficar um mês com o filho até decidir ir para o Chile, buscar mais uma forma de tratamento. “No Chile ficamos duas semanas. O João começou a reagir as viagens, já sentia-se cansado, com a falta do pai e eu também estava sobrecarregada de tantas viagens. Decidimos voltar. Procurei um terapeuta ocupacional que estava morando em Curitiba e depois de muito esforço ele veio nos atender. Ele nos disse: ‘Esse menino precisa ir para a escola’”, conta. 
Para Ana, o nascimento do filho uniu ainda mais o casal e João hoje é sinônimo de transformação na vida dela 

Mais um choque de realidade. Ana que sempre foi uma mãe protetora, precisou aos poucos, devolver a vida e a liberdade que ela carregava pelo filho. “Hoje eu vejo que ele está bem. Antes eu fazia tudo porque eu achava que se não fizesse ele poderia morrer.”, conta Ana emocionada, salientando ainda, que atualmente, graças aos tratamentos e estímulos trabalhados em casa e com especialistas, o filho João está numa fase de aprendizado da leitura. 
Para ela, a experiência de ser mãe perpassa todos os limites e é possível construir um lado mais humano de ver o outro como parte de si mesmo. “Para mim, tudo foi e está sendo muito vivenciado, eu nunca parei parar pensar, eu agia pela sobrevivência. Não vivia pra mim, não era mais a mãe ou a Ana que estava ali, eu me sentia o João, vivia a vida dele. Agora estou voltando a ter uma vida mais tranquila. Ele está crescendo”, diz ela.
Ana revela que essa experiência a transformou em uma pessoa melhor. “Existem duas ‘Anas’, a Ana de antes e a Ana de agora. Eu mudei muito como pessoa, a relação minha com o meu marido Claudinei melhorou imensamente e ele soube entender o que estávamos passando desde sempre, foi e é meu grande companheiro. Passei a vivenciar milagres todos os dias e olhar o outro diferente”, relata.
Sobre ser mãe, emocionada, Ana apenas faz um pedido. “Mães, tenham tempo para seus filhos. Às vezes os pais brigam porque as crianças se lambuzam para comer, como a gente gostaria que o João fizesse isso. Cada coisa que ele faz é muito forte pra gente, porque entendemos que ele faz um esforço muito grande. Por isso, ele se tornou sinônimo de transformação na minha vida”, finaliza. 


Fonte: Claudia Weinman
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