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Cientistas removem a "imortalidade" das células cancerígenas

Pesquisa afirma ser possível destruir escudos de proteção das células afetadas

Nova estratégia - 13/05/2015 17:41 (atualizado em 13/05/2015 17:42)
Foto: RAJ CREATIONZS / Shutterstock
Cientistas do centro Nacional de Pesquisas Oncológicas da Espanha (CNIO) descobriram uma nova estratégia na luta contra o câncer. Um estudo publicado nesta quarta-feira no periódico EMBO Molecular Medicine abriu novos caminhos para uma abordagem diferente na luta contra o câncer, feita através da inibição da proteína TRF1.
O trabalho mostrou pela primeira vez que os telômeros — estruturas encontradas no fim dos cromossomos e que ajudam a proteger a integridade do DNA — podem ser eficientes como alvo contra o câncer. Ao bloquearem uma das proteínas responsáveis pela "reconstrução" dos telômeros nas células cancerosas, chamada TRF1, pesquisadores observaram melhoras no estado de camundongos que sofriam com câncer no pulmão.
Uma célula duplica o seu DNA toda vez que se divide. Mas, devido ao modo como o DNA é replicado, o fim de cada cromossomo não pode ser refeito completamente e, como resultado, os telômeros ficam mais curtos a cada divisão celular. Essas estruturas, quando muito curtas, fazem com que as células parem de se dividir e, consequentemente, morram.
O fenômeno já é conhecido há décadas, assim como o fato de ele não ser visto em células cancerígenas, as quais se proliferam aparentemente sem limites, se dividindo sem que seus telômeros fiquem mais curtos. A enzima telomerase age sobre as células cancerígenas, o que ajuda a reconstruir os telômeros quando as células se dividem. Em células normais a ação da telomerase é interrompida após a divisão.
Assim, uma estratégia de combate ao câncer seria inibir a enzima em células afetadas. Como esse método já foi testado anteriormente e não apresentou resultado positivo — os telômeros das células de câncer só encurtaram após inúmeras divisões —, cientistas espanhóis decidiram focar em uma abordagem diferente.
Os telômeros são formados por centenas de repetições de uma mesma sequência de DNA unidas por um complexo de seis proteínas, as shelterinas, que formam uma cobertura protetora. A estratégia da equipe foi bloquear apenas uma dessas proteínas, a TRF1, e assim destruir os escudos de proteção dos telômeros de células cancerígenas. 
— É difícil encontrar drogas que interfiram na ação de proteínas que se ligam ao DNA e há a possibilidade de que medicamentos que tenham como alvo os escudos dos telômeros sejam muito tóxicos. Por estas razões, ninguém tinha explorado esta ideia antes — diz Maria Blasco, líder do grupo de pesquisas.
Segundo os cientistas, mesmo provocando pequenos efeitos tóxicos, o bloqueio da TRF1 impediu o crescimento de um tipo muito agressivo de câncer no pulmão em camundongos.
— A remoção da TRF1 induziu uma aguda desagregação dos telômeros, resultando no envelhecimento e morte das células cancerígenas. Observamos que a estratégia mata estas células e interrompe o crescimento dos tumores com efeitos tóxicos toleráveis — afirma Blasco.
A inibição da TRF1 foi feita geneticamente, removendo o gene dos camundongos, e também quimicamente, administrando compostos de drogas, o que pode servir como ponto de partida para a indústria farmacêutica desenvolver novos remédios contra o câncer, em especial para os tipos que atualmente não contam com nenhuma opção de tratamento.




Fonte: Diário Catarinense
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