Assisti
um vídeo nesta semana, onde uma criança Cubana, em poucas palavras, respondeu
aos milhares de questionamentos que nós pastorais sociais e movimentos
populares sofremos ao longo de nossa vida e caminhada. Depois de me emocionar
com as palavras e sua expressão, decidi também que quando nos perguntarem
novamente porque lutamos, direi com o contentamento desta criança Cubana que
“nossos interesses coletivos estão acima dos interesses individuais”. Já é o
suficiente.
Diante de suas limitações físicas, o
menino respondeu em meio a uma multidão no Congresso de Jovens Cubanos, ao que
sente seu coração. “Tudo que sou hoje...Por terem instalado um computador em
minha casa, que me deu a possibilidade de integrar-me a sociedade como qualquer
outra criança Cubana. Isso só acontece em Cuba, porque aqui há uma revolução,
onde há igualdade plena que é um dos parâmetros de conceitos para revolução.
Para demonstrar que meus interesses coletivos estão por cima dos interesses
individuais. Quero dizer a Fidel e a Raul que tenho minhas mãos e pernas
limitadas, mas que minha mente e meu coração estão a serviço da revolução”.
Quando terminei de assistir a sua fala, fiquei
pensando em todas as coisas que já fizemos e construímos até aqui. Tudo em nome de vários sentimentos e
revolução. Vontade de transformar e ver o povo feliz. Parece bastante utópico
falar e de certa maneira é. No entanto, seria mais real se “nossos interesses
coletivos estivessem acima dos interesses individuais”. Falo a partir do
estudioso Venezuelano, que li a partir da Jornalista Elaine Tavares, Ludovico Silva,
o qual menciona a tristeza que é a escravização pelo consumo, a mais-valia
ideológica e a necessidade imediata de nos desprendermos das mazelas do
capital. Isso não quer dizer que temos que deixar de comer, vestir roupas,
comprar calçados, tomar banho...Quer dizer que devemos lutar para que
coletivamente todos tenhamos o que comer, o que vestir, o que usar, um lar para
fazer nascer a família e viver em paz.
Mas para tudo isso acontecer, é
preciso mobilização. Não basta cada um fazer a sua parte. É necessário cada
uma fazer a sua parte coletivamente. Transformação, talvez com esta palavra a
gente possa entender melhor o sentido desta importante tarefa. Vestir-se de
esperança mas também de ações. Levar o povo para as ruas e colocar em pauta os
poderes que nos ferem. E quando estamos nas ruas, deixemos que nos critiquem,
desde que “nossa consciência e coração estejam a serviço da revolução”.
E quando falarem que Cuba possui uma
Ditadura Comunista, bom, nas palavras desta criança que citei no início desta
coluna, podemos perceber o que essa “ditadura” faz. E quando falarem que
devemos ir embora, “Vá para Cuba!”, bom, gostaríamos, mas precisamos
transformar outros espaços, nossa tarefa é revolucionar nosso país. E por
último, quando ousarem dizer “Tinha que ser do PT”, muito bem, vamos tentar
dialogar até que se entenda que ser de esquerda vai muito além de uma sigla e
que nem essa e nem outra representa “nossos interesses coletivos, que estão
acima dos interesses individuais”. Se ainda assim, nenhuma dessas explicações
der certo, melhor é trilhar outros caminhos, buscando transformar nossas
realidades com pessoas que também sonham com a construção de um mundo onde
todosas tenham dignidade.
É com o coletivo que no combate
permanecemos mais consistentes e fortes ao que aparentam nossos inimigos. Portanto, apesar das ameaças, dos abusos de
poder, nos tirar a liberdade somente nas trincheiras da revolução, quando
nossos corpos não mais aguentarem as enfermidades da consciência dos
capitalistas e suas armas nos ferirem por completo. Ainda assim, restarão
aquelesas que pela vida seguirão a causa. Portanto, não há o que temer, quando
nossa vontade é coletiva e cheia de sonhos, de esperança, de dignidade. Até a
vitória!