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MP denuncia freira por tortura a idosas em asilo em SC

Outra funcionária foi enquadrada por maus-tratos pelo MP. Agressões teriam ocorrido entre setembro de 2014 e janeiro de 2015

POLICIA - 07/04/2016 10:23
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou por tortura a freira de 44 anos suspeita de agredir idosas em um asilo de Laguna, no Sul do estado. Outra funcionária, uma cuidadora, foi enquadrada por maus-tratos.

O caso chegou até a Polícia Civil após uma denúncia anônima feita ao Ministério Público. De acordo com o relato do denunciante, uma idosa de 72 anos recebia chineladas no rosto e apanhava com toalhas molhadas quando desobedecia alguma ordem da freira.

O delegado que investigou o caso havia pedido pela prisão preventiva da freira, mas o MP indeferiu por entender que ela não representa ameaça o processo, já que as provas do crime já foram conseguidas.

A proposta do MP é que ela compareça uma vez a cada dois meses em juízo. Além disso, a freira não poderá mais realizar trabalhos de cuidadora.

No caso da outra funcionária, como ela foi enquadrada no crime de maus-tratos, de menor potencial ofencivo, a proposta do MP é que de uma transação penal. Nesses casos, a Justiça, o próprio MP e ela devem entrar em um consenso sobre o tipo de pena que ela terá, não haveria processo judicial.

Essa outra funcionária era cuidadora do asilo e o MP também propõe que ela deixe de exercer a profissão por dois anos.

Todas as propostas do MP dependem de aceitação ou não por parte da Justiça. O G1 tentou contato com o asilo, mas não obteve êxito até a publicação desta notícia.

Inquérito

A religiosa de 44 anos e a cuidadora, de 43 anos, foram indiciadas em inquérito da Polícia Civil por tortura e agressão de três idosas.

O inquérito da Polícia Civil foi concluído em 9 de março. Conforme o delegado, a religiosa de 44 anos foi indiciada pela tortura de três idosas, mas é suspeita de agredir cinco.

Segundo o delegado, o inquérito foi concluído pois "as circunstâncias do fato delituoso foram demostradas". "Não era só a questão física, mas também o tratamento. As idosas que prestaram depoimento não relataram as dores, mas a tristeza que sentiam”, detalhou Gorla.

Segundo ele, há denúncias que a freira agredia cinco idosas, uma delas de 93 anos. "Uma das vítimas admitiu e uma testemunha confirmou duas agressões".

Em relação à outra indiciada, o delegado afirmou que “Ela [a funcionária] foi apontada por uma testemunha como sendo também agressora. Ela obedecia a freira. No depoimento ela disse que a freira amarrou uma idosa na cadeira de rodas, com lençol”.

A freira relatou em depoimento à polícia que uma das idosas fantasiou as chineladas.

Funcionários que denunciaram foram demitidos

Conforme o delegado, as agressões teriam ocorrido entre setembro de 2014 e janeiro de 2015 e também entre setembro de 2015 a janeiro de 2016. Neste período, o asilo teve três diretoras diferentes.

De acordo com o delegado, a atual diretora informou em depoimento que uma funcionária denunciou as agressões, mas as idosas não confirmaram à diretora o ocorrido. Ela também disse à polícia que não notou hematomas nas idosas, decorrentes de possíveis agressões.

A Polícia Civil também ouviu duas cuidadoras, uma assistente social e uma enfermeira que trabalhavam no local, além de outras testemunhas. Elas confirmaram que os idosos relataram que eram agredidos durante a noite. Uma das cuidadoras, inclusive, viu a freira agredindo os idosos. Essa cuidadora e a enfermeira foram demitidas do asilo no início deste ano, após o início das investigações policiais.

“Segundo a enfermeira, a diretoria do asilo disse que seria melhor assim. Depois que elas foram demitidas, pudemos ouvi-las melhor”, detalha Gorla. As outras continuam trabalhando no local.

As cinco vítimas continuam no asilo Santa Isabel. A funcionária de 43 anos também trabalha no local. A freira, desde janeiro, trabalha em um asilo de freiras em Nova Veneza, no Sul do estado.

Asilo atende pessoas de 48 a 98 anos

O Asilo Santa Isabel, no bairro Magalhães, é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos que recebia recursos dos governos federal e estadual através do Fundo Municipal de Assistência Social, conforme o delegado. O local abriga 37 pessoas de 48 a 98 anos. 24 funcionários cuidam de 18 homens e 19 mulheres.

Inicialmente apenas uma idosa era conhecida como vítima das agressões. Porém, após depoimento de uma ex-enfermeira, outras duas senhoras também confirmaram os maus-tratos. Após os depoimento delas, surgiu as denúncias de agressões contra outras duas idosas.

De acordo com testemunhas e os relatos das próprias vítimas, todas as agressões aconteciam em casos de desobediência: "Elas eram agredidas quando não queriam tomar banho, ou ir dormir. Em geral quando não obedeciam a alguma ordem", explica o delegado.




Fonte: G1/SC
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