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Da enxada aos implementos agrícolas de ponta

A tecnologia até algumas décadas atrás era coisa de cidade grande, enquanto o campo adotava técnicas ainda manuais de produção. Esse cenário rudimentar já faz parte do passado, e hoje o agricultores contam com máquinas agrícolas, implementos, aviários e chiqueiros com tecnologias avançadas

Especial - 22/07/2016 10:58
Na agricultura, há aproximadamente duas décadas, as áreas de plantio eram cultivadas de forma manual, desde o plantio até a colheita. A enxada foi substituída por defensivos agrícolas, a carroça pelo trator, as sementes convencionais pelas transgênicas, as mãos do agricultor que tiravam leite pela ordenhadeira mecanizada. E assim, muitas mudanças no campo trouxeram mais comodidade na vida do agricultor, e as linhas de crédito oportunizaram um maior investimento em tecnologia. 
Num contexto geral, pode-se destacar que as principais mudanças na região foram as atividades agropecuárias, com ênfase a produção agrícola, bovinocultura de leite e corte, avicultura e suinocultura.  
De acordo com o engenheiro agrônomo, Silvio Valcarenghi, com a inovação tecnológica, hoje o cultivo é realizado empregando quase na sua totalidade máquinas/implementos e com mão de obra qualificada, isso atrelado a adoção de práticas, como plantio direto, melhoramento genético de sementes, biotecnologia e uso de defensivos. “Há duas décadas produziam em média 4,5 toneladas de milho por hectare, hoje podemos produzir até 12 toneladas por hectare e em lavouras irrigadas o número ultrapassa”. 
Para ele, a bovinocultura leiteira passou de atividade paralela para atividade protagonista nas propriedades rurais, pois gera uma renda mensal. “Os produtores investiram em melhoramento genético dos animais, melhoramento de pastagens, fornecimento de dietas balanceadas e tecnificaram os manejos, trazendo com isso, maior produtividade”. Segundo Valcarenghi, o mesmo acontece com bovinocultura de corte, que vem se destacando como grande potencial econômico mesmo em pequenas propriedades. Outro ramo que foi potencializado com o advento da tecnologia foi a produção de proteínas animais, como aves de corte e suínos, que até então era escassa e rudimentar na região. “Havia poucas unidades de produção e de pequeno porte pois, para manter e cuidar de uma granja, havia muita demanda de mão de obra, mas com as novas tecnologias produtivas, nos dias de hoje podemos ver facilmente unidade de produção com volume de animais até cinco vezes maior que décadas anteriores”. 
Isso permitiu que o estado de Santa Catarina, especialmente o Oeste Catarinense, tenha se destacado no mercado global de carnes, podendo produzir alimento para exportação e lucros para economia interna do país. Conforme Valcarenghi, o crescimento tecnológico proporcionou, dentre vários outros fatores, a redução da diferença entre o homem urbano e o homem do campo, tanto em aspectos sociais, como econômicos e ambientais.


ÊXODO RURAL

Apesar desses avanços, uma pesquisa do censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a população rural no país perdeu 2 milhões de pessoas entre 2000 e 2010, o que representa metade dos 4 milhões que foram para as cidades na década anterior. 
Para Valcarenghi, a principal causa do abandono do campo, é a mesma do abando de qualquer outro emprego urbano, ou seja, o ambiente de trabalho é deixado quando o retorno econômico obtido pelo trabalho realizado é insuficiente para a subsistência das necessidades básicas das pessoas.
Ele acredita que atualmente não há distinção entre bens disponíveis a jovens rurais em relação a jovens urbanos, todos buscam um equilíbrio social, mensurado, na maioria dos casos, por condições financeiras.  “O êxodo rural sempre existirá, porém o que observamos é que o produtor que se qualifica, investe em sua propriedade e a administra como uma empresa, este permanecerá no campo e irá proporcionar condições para que seus filhos também permaneçam ou possam adquirir a sua própria área”. 



SUSTENTABILIDADE NO CAMPO 

De acordo com a legislação ambiental vigente, que foi criada para o meio rural, só é possível haver sustentabilidade no agronegócio, quando preserva o meio ambiente, caso contrário várias sanções são impostas aos produtores, que vão desde notificações por infrações até restrição ao acesso ao crédito para produção e à comercialização. 
Para o engenheiro agrônomo, as produções do campo são sim cada vez mais sustentais, exceto quando se trata de produtores que não buscam atualização tecnológica, assessoria técnica qualificada e reciclagem de conhecimentos.  

TRANSGÊNICOS 

Valcarenghi ressalta que a biotecnologia é uma grande ferramenta tecnológica que há atualmente, e, para um futuro próximo, para promover aumento de produção no campo, a fim de atender a demanda mundial por alimentos.
Ele explica que a transgenia compreende pequenas alterações no genoma das espécies de interesse, algo semelhante com a seleção genética, porém em processo artificial e com resultados obtidos em menor período. 
Sobre a segurança dos transgênicos, principalmente em relação a sua segurança alimentar, o engenheiro agrônomo enfatiza que até o momento não existem trabalhos científicos que comprovem prejuízos do consumo de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) para a saúde humana, particularmente, ele acredita que não causem danos à saúde humana. “Através da utilização da transgenia, as próprias plantas passaram a efetuar o controle específico de pragas e doenças e consequentemente diminuição significativa no uso de princípios ativos para controle de tais pragas e doenças”. 

A VISÃO DO SINDICALISMO 

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais tem o papel de representar e defender os direitos do trabalhador e da trabalhadora rural, para que ele seja forte e continue na luta em defesa dos direitos trabalhistas, no combate do trabalho infantil e escravo, da Previdência Rural, da Educação e Saúde para o campo, da Reforma Agrária e do Fortalecimento da Agricultura familiar. 
Para o sindicalista e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riqueza, Vanderley Rutkoski, nos últimos anos a agricultura familiar obteve muitos avanços nos direitos e muitas mudanças tecnológicas que vieram somar o trabalho do homem do campo, dentre elas as maquinas agrícolas, implementos, aviários e chiqueiros com tecnologias avançadas, ordenha mecanizada, pastagens e semente de diversas variedades.
De acordo com ele, a vida do agricultor melhorou, mas com os avanços tecnológicos teve também o endividamento das famílias. Porém, com o planejamento dos investimentos e a correta aplicação do dinheiro em tecnologia diminuiu o serviço braçal na agricultura.
Sobre a preservação do meio ambiente, Rutkoski frisa que tem havido uma maior preocupação em relação ao meio ambiente, com novos meios de produção que agridem menos o meio ambiente. No entanto: “ainda existem tecnologias que agridem, como por exemplo aviões usados na aplicação de agrotóxicos em lavouras de grande porte”. 
Já em relação a agro transgenia, ele não a considera totalmente segura, pois vai se perdendo a forma genética da planta. Por outro lado, ele acredita que tem diminuído o uso de agrotóxico, até que as pragas não se tornem resistente a transgenia. 

FUTURO 

Valcarenghi acredita que o meio rural está em um caminho sem volta, e por tanto as possíveis tendências para o futuro são de aumento na produção por unidade de área que será proporcionado pela adoção de tecnologias de ponta. “Este caminho é positivo, pois cada vez se produz mais em menos área e com toda crise que o Brasil atualmente enfrenta o setor agropecuário foi um dos únicos que manteve índices positivos e que segurou as pontas para que o rombo não fosse ainda maior”. 
Segundo ele, há muito tempo o homem do campo deixou de ser o “Chico Bento” ou “Jeca Tatu”, pois hoje há “regalias” ou modernidades que o homem rural também tem, como acesso a universidades e faculdades próximas, internet, TV a cabo, climatizadores, enfim os luxos e benefícios que antes eram só do homem urbano. “Ainda o homem do campo não tem os estresses como o trânsito, horários, transporte público, assaltos e demais dificuldades que tem nos grandes centros urbanos. Então a questão do êxodo rural é muito relativa e ainda faltam alguns incentivos por parte do governo para amenizar esse problema”, finaliza. 

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