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Mulheres que não têm medo de arriscar e apostam no esporte

Para mostrar a garra das mulheres no esporte, o Jornal Expresso d’Oeste vai apresentar a história de duas meninas/moças que enfrentaram todas as barreiras para conquistar seus espaços

Geral - 24/11/2017 14:40
Região 

Rotulada de sexo frágil, a mulher conquistou um espaço especial na sociedade. Elas simplesmente invadiram os campos de futebol, as quadras, as pistas e todo complexo esportivo que antes só homens podiam utilizar. Foi um grande avanço e o mundo do esporte cedeu aos encantos do universo feminino. Com toda sua garra e força, elas se tornaram campeãs e vencedoras de seus próprios limites, rompendo preconceitos.
E para mostrar a garra das mulheres no esporte, o Jornal Expresso d’Oeste vai apresentar a história de duas meninas/moças que enfrentaram todas as barreiras para conquistar seus espaços. Acaibiense Bruna Alberti Tomaselli se tornou ferra nas pistas de corridas, sendo destaque e referência no automobilismo. Já a palmitenses Fernanda Laís Delazere, se destaca pelas belas defesas a qual proporcionou uma posição de destaque no futebol de campo. 


A paixão sob as traves

Hoje, a palmitenses Fernanda Delazeredefende a camiseta vermelha e branca do internacional. E encontrou sua paixão em cada bola defendida

“Sempre tive gosto em praticar esporte, mas foi na escola onde tudo começou. Foi nas aulas de educação física, jogando futebol com os meninos”. Assim que Fernanda Laís Delazere, 16 anos, define a paixão pelo futebol de campo. Hoje, apalmitense, defende a camiseta vermelha e branca do internacional. 
Em baixo das traves, Fernanda encontrou sua paixão em cada bola defendida. Vestindo a camisa do futebol feminino do Esporte Clube Internacional, de Porto Alegre, comenta sobre sua rotina de treinos, que inclui, treinos diários com bola e preparação física três vezes por semana em academia. 
Há sete anos no futebol, a atleta sempre teve o apoio da família, mas enfatiza que na vida de uma esportista, o mais difícil, em sua modalidade, é conseguir espaço na sociedade e apoio para o crescimento do futebol feminino. “Nunca sofri preconceito no esporte, sempre fui bem recebida. Mas posso dizer que é uma sensação inexplicável, sempre foi meu sonho chegar aonde eu estou atualmente”, declara.
Com pouca idade Fernanda já disputou campeonatos como: Estadual Catarinense, Brasileiro, Mundiais Escolares, Copas de Cidade, JASC, Joguinhos e Olesc. Atualmente disputa o Campeonato Gaúcho de Futebol Feminino. “A conquista dos Joguinhos em 2017, que veio com dois títulos em uma competição, campo e salão, meu primeiro título com o Internacional de Porto Alegre, onde consegui o título e o prêmio de goleira menos vazada”, declara. 
Segundo Fernanda, nunca se deve desistir dos sonhos. Ela espera que o futebol feminino seja cada vez mais valorizado e reconhecido em todo lugar, sem preconceito. “Nunca desistam de correr atrás dos seus sonhos, porque algum dia, a vida vai te dar a chance de realizar seu sonho”, finaliza.

Como tudo começou
A história das mulheres no esporte começa nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, onde os homens competiam nus e as mulheres eram proibidas até de assistir às competições. A sentença das mulheres estava no primeiro item do regulamento olímpico, que proibia a participação de mulheres em qualquer modalidade. Na Grécia a lei de participação da mulher em esportes era tão rígida, que no regulamento dos jogos, artigo 5º, dizia que as mulheres casadas não podiam assistir as competições, com sanção de morte. Entretanto, uma mulher chamada Caripátida desobedeceu esta lei ao assistir a participação de seu filho, Psidoro, no pugilato, disfarçou-se de treinador colocando uma túnica e ingressou no local dos jogos. Psidoro venceu a competição e Caripátida acabou invadindo a arena para abraçar seu filho, e foi descoberta, porém por ser de família influente de esportistas campeões olímpicos, ela escapou da morte.
Após conquistar a Grécia, no período de domínio Romano, o imperador Teodósio, proibiu as práticas esportivas por considerá-las festas pagãs.  As mulheres participavam como dançarinas ou acrobatas para divertimento de convidados, não tendo nenhum aspecto de caráter esportivo.  Só a partir do Renascimento é que as mulheres foram liberadas a praticar algumas modalidades femininas. A mulher só consegue conquistar um espaço mais significativo no esporte após a mudança provocada pelas idéias dos filósofos humanistas. Elas só poderiam fazer ginástica, com objetivo se preparar para ter filhos.
Apesar de vários avanços, a participação efetiva do sexo feminino nos esportes competitivos aconteceu apenas nos Jogos Olímpicos de 1900. Onze mulheres foram até Paris, na França, para participar dos I Jogos Olímpicos da era Moderna. Uma das mulheres mais importantes para a inclusão feminina nas olimpíadas foi a francesa Alice Melliat, que através da Federação Esportiva Feminina Internacional, reivindicou, junto ao Comitê Olímpico Internacional a entrada efetiva do sexo feminino nas competições de atletismo e de outras modalidades nos Jogos Olímpicos.
Maria Lenk foi a primeira mulher sul- americana a participar das olimpíadas, ela tinha apenas 17 anos. Desde então, a participação feminina nos jogos cresceu constantemente, fazendo com que na maioria dos esportes sirvam para os dois sexos. O surgimento do fitness na década de 70 contribuiu na aceitação da força de músculos para as mulheres devido ao culto da beleza e juventude do corpo feminino.As mulheres conseguiram se destacar através das lutas contra os preconceitos na sociedade, e até mesmo em atividades onde homens predominavam no esporte.

Fonte: Livre Esportes Revista Digital Especializada

Uma paixão sob quatro rodas e um volante 

Para Bruna, o fato de ser mulher e chegando na frente em um esporte predominantemente masculino é muito bom. Desde o começo de sua carreira, sempre foi bem recebida no esporte

Na infância, enquanto as amigas gostavam de brincar de boneca, Bruna Tomaselli só se interessava por carros.Aos sete anos, começou a andar de kart, e o que era brincadeira hoje é levado muito a sério pela menina de Caibi. “Meu pai percebeu que eu gostava disso e quando eu tinha sete anos me levou ver uma corrida de kart em São Miguel do Oeste, onde até hoje ainda tem uma pista. Alguns dias depois ele disse que iria comprar um kart para mim e, a partir daquele dia, comecei a treinar. No começo era mais brincadeira, corria provas pequenas, depois comecei a correr em campeonatos estaduais, sul-brasileiros, brasileiros, até chegar nas corridas fora do Brasil. Estou nesse esporte até hoje e não pretendo parar”, conta. 
Ela conta sobre o apoio incondicional de todos da família em sua jornada. “Minha família sempre me apoiou e incentivou. Nas primeiras corridas, íamos quase todos juntos: pai, mãe, vô, vó, tios, primos assistir aos meus treinos e, depois, as corridas. Hoje, como as corridas são um pouco mais longes, meu pai sempre me acompanha e os demais ficam em casa torcendo e apoiando muito. Quase todos os dias faço treinos na academia e exercícios visando minha preparação física”, afirma.
Bruna comenta que treina duas vezes por semana para manter o ritmo e o reflexo. “Pelas minhas corridas serem nos Estados Unidos, infelizmente não consigo treinar com o meu carro aqui no Brasil. Então o kart ajuda bastante. Quando eu posso, viajo para treinar ou nos fins de semana de corrida, sempre tem os treinos, antes da competição em si”, menciona Bruna, acrescentando que “acredita que é a dedicação necessária para ser realmente um atleta, independente do esporte. Se não houver dedicação, não se chega a lugar nenhum”, afirma.
Sobre os campeonatos, a caibiense já participou do Catarinense, Gaúcho, Sul-brasileiro, Brasileiro, Copa do Brasil, Skusa e Fórmula (Fórmula Jr, Fórmula RS, Fórmula 4 Sudamericana, realizei treinos na F4 Alemã e Fórmula 3 e este ano participou da USF2000). “Eu acredito que no kart foi no Skusa, em Las Vegas, porque foi minha primeira corrida internacional e em uma competição que reuniu mais de 600 pilotos de todos os países, sendo que na minha categoria havia mais de 80 pilotos. Então poder subir ao pódio foi bem bacana porque pude mostrar que estamos sempre na briga”, cita. 
Para Bruna, o fato de ser mulher e chegando na frente em um esporte predominantemente masculino é muito bom. Desde o começo de sua carreira, sempre foi bem recebida no esporte. “O que acontecia muitas vezes, e percebíamos, era que vários meninos tentavam bater no meu carro/kart para me tirar da pista quando eu ia ultrapassar. Acho que pelo fato de ser menina, eles não gostavam muito de perder para mulher”, conta, brincando com a situação. 
A pilota reconhece que na categoria Fórmula éum pouco mais difícil e perigoso de bater. “Mas acredito que eles continuam não gostando. O que eu sempre falo, é que com o capacete, somos todos pilotos e todos queremos ganhar. Eu estou no meio da busca de um sonho, que é chegar na Fórmula Indy e viver exclusivamente do automobilismo. Estou na primeira categoria de acesso a F Indy, então ainda tenho muito trabalho pela frente para chegar lá. Só de hoje eu já estar aqui, lutando por tudo isso, é muito gratificante, pois já estou representando meu país e as mulheres no esporte”, declara.
Bruna pretende realizar seu grande sonho, de um dia chegar na Fórmula Indy, e viver profissionalmente do automobilismo. “Quero representar muito bem meu país pelo mundo afora. Para as pessoas que buscam por seus sonhos, é que não tenham medo, nem do que os outros podem achar e muito menos, de achar que você não é capaz. Com dedicação, persistência e garra para aproveitar oportunidades, tudo é possível. Gosto muito da frase ‘quem quer acha um meio e quem não quer acha uma desculpa’. Então para quem quer viver do esporte, é preciso se esforçar para encontrar formas de atingir o seu objetivo. Lá na frente, tudo vale a pena”, finaliza.



Fonte: Aline Reinheimer e Elizandro Stefeni
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