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Greve dos caminhoneiros gera fortes impactos no Brasil

Paralisação durou 11 dias, bloqueou estradas, causou desabastecimento e prejuízo em vários setores. Caminhoneiros tiveram demandas atendidas, e o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão

COLONO E MOTORISTA - 01/08/2018 08:54 (atualizado em 01/08/2018 08:55)
A paralisação e os bloqueios de rodovias em 24 estados e no Distrito Federal causaram desabastecimento e prejuízo em vários setores (Foto: Gazeta do Povo)
A greve dos caminhoneiros, também chamada de Crise do Diesel, foi uma paralisação de caminhoneiros autônomos com extensão nacional iniciada no dia 21 de maio, durante o governo de Michel Temer. Os grevistas se manifestaram contra os reajustes frequentes e sem previsibilidade mínima nos preços dos combustíveis, principalmente do óleo diesel, realizados pela estatal Petrobras com frequência diária, pelo fim da cobrança de pedágio por eixo suspenso e pelo fim do PIS/Cofins sobre o diesel. O preço dos combustíveis vinha aumentando desde 2017 e sua tributação representa 45% do preço final, sendo 16% referente ao PIS/COFINS, de competência da União. O preço ao consumidor da gasolina brasileira estava na média mundial na semana da greve, em valores absolutos, enquanto o diesel estava abaixo da média, sendo o segundo mais barato do G8+5, apesar de ser o segundo mais caro na América Latina, ao lado de Paraguai e Argentina.
A paralisação e os bloqueios de rodovias em 24 estados e no Distrito Federal causaram a indisponibilidade de alimentos e remédios, escassez e alta de preços da gasolina, com longas filas para abastecer. Além disso, várias aulas e provas foram suspensas, a frota de ônibus foi reduzida, voos foram cancelados em várias cidades, enormes quantidades de alimentos foram desperdiçados e há a possibilidade que 1 bilhão de aves e 20 milhões de suínos morram por falta de ração. 
Até o dia 24 de maio, pelo menos cinco cidades no Rio Grande do Sul haviam decretado situação de calamidade pública devido aos desabastecimentos, enquanto outras cidades de quatro estados decretaram estado de emergência. Desde o início da greve, as ações da Petrobras na B3 caíram 34%, diante da redução do preço do diesel decorrente de negociações, perdendo R$ 137 bilhões em valor de mercado. No dia 25, o governo anunciou o uso das Forças Armadas para desobstruir as rodovias.
PREÇOS MÍNIMOS 
Em observância à Medida Provisória nº. 832, de 27 de maio de 2018, que instituiu a Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas, a Agência Nacional de Transportes Terrestres publicou, por meio Resolução ANTT nº. 5820, de 30 de maio de 2018, as tabelas com os preços mínimos referentes ao quilômetro rodado na realização de fretes, por eixo carregado.
As tabelas de preços mínimos têm natureza vinculativa e foram elaboradas conforme as especificidades das cargas, sendo divididas em: carga geral, a granel, frigorificada, perigosa e neogranel. 
Foto: Divulgação 
COMBUSTÍVEL 
No 9º dia de greve, motoristas autônomos reivindicavam maior redução no preço dos combustíveis. Parte dos caminhoneiros lutava para que o diesel fosse abaixo de R$ 3 e a gasolina, de R$ 3,15. O grupo reivindicava ainda o congelamento dos preços até o fim do ano. O governo prometeu uma redução de R$ 0,46 no preço do diesel por 60 dias. O valor médio do diesel é R$ 3,788.
LINHA DO TEMPO
18 de maio - os caminhoneiros fazem anúncio de greve por tempo indeterminado a partir do dia 21 de maio, caso o governo federal não reduza a zero a carga tributária sobre o diesel (PIS/Cofins).
19 de maio - a Petrobras eleva os preços do diesel em 0,80 por cento e os da gasolina em 1,34 por cento nas refinarias, apresentando como justificativas o aumento internacional dos preços do petróleo e a nova política de preços da empresa.
20 de maio - a Justiça Federal proíbe o bloqueio total de estradas federais por caminhoneiros no Paraná. A ação foi movida pela Advocacia-Geral da União (AGU) a pedido da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
22 de maio - os protestos passam a atingir 24 estados. A maioria dos atos impede a passagem dos caminhões, mas permite a passagem de carros e outros veículos. Os primeiros efeitos começam a ser sentidos. Grandes montadoras anunciam que vão reduzir suas produções. A Petrobras reduz o preço dos combustíveis para as refinarias. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, anuncia que o governo fez um acordo para zerar um dos impostos sobre o diesel e que acabará, em 2020, com a desoneração da folha em todos os setores.
23 de maio - os protestos provocaram desabastecimento, paralisação de exportações e efeitos em várias áreas: linhas de ônibus foram reduzidas pelo país, Correios suspendem postagens, a produção em ao menos 129 frigoríficos e abatedouros foi paralisada, e houve falta de hortifrutigranjeiros. Temer afirma que pediu "trégua" de dois ou três dias aos caminhoneiros para encontrar uma "solução satisfatória". A Petrobras anuncia redução de 10 por cento no diesel; medida deve valer por 15 dias.
24 de maio - a calamidade está instaurada. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou que conseguiram chegar a um acordo e que suspenderiam a greve nacional por 15 dias. Duas entidades que representam autônomos, a União Nacional dos Caminhoneiros e a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), não corroboram o acordo.
25 de maio - Temer aciona as Forças Armadas através da garantia da lei e da ordem para desbloquear as estradas. 
26 de maio - Em nota o governo alegou convicção de estar havendo a prática de locaute por parte de empresários do transporte e abriu inquéritos junto à Polícia Federal. Ainda durante o dia haviam 596 pontos ativos de bloqueios pelo país.
27 de maio - Petroleiros começam a aderir as paralisações e a realizar protestos, como na Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná.
29 de maio - A Polícia Federal abriu 48 inquéritos para investigar a ocorrência de locaute na paralisação dos caminhoneiros e encaminhou vários pedidos de prisão, mas todos até agora foram negados pela Justiça.
31 de maio - Na quinta-feira, a maioria dos estados amanheceu sem bloqueios ou protestos nas estradas. Chegaram a ser registrados atos em cinco estados, mas eles foram encerrados ao longo da manhã. 
1º de junho - Encerrada a greve. Com o agravamento da crise, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pede demissão. A empresa perdeu R$ 40 bilhões em valor de mercado no dia da demissão.
2 de junho - O nome de Ivan Monteiro é anunciado para ocupar a presidência da Petrobras.
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