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Pinhão, um alimento rico em fibras e potássio

Basta a temperatura cair e ele dá o ar da graça. Só que, agora, há outros motivos para festejar a temporada da semente da araucária: suas fibras melhoram o funcionamento do intestino, e ao lado de altas cargas de potássio, ajudam a resguardar o coração

Ciência - 30/07/2012 15:20 (atualizado em 30/11/-0001 00:00)

Quando o outono ou o inverno chegam, muita gente no Sul e no Sudeste se deleita com essa delícia, seja nas refeições, seja no lanche da tarde. Há, porém, quem preste atenção nela durante o ano todo - mas com outros olhos. Estudiosos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, investigam a riqueza de nutrientes encontrada na semente da araucária, árvore típica da região meridional do Brasil, e seus benefícios à saúde. Ao que tudo indica, o alimento se destaca na prevenção de problemas cardiovasculares e intestinais, uma senhora credencial para convidá-lo às mesas do resto do país. 

"As fibras do pinhão favorecem a eliminação de sais biliares, um reduto de colesterol, do intestino. E boa parte dessa molécula não é reabsorvida, o que diminui sua concentração no sangue caso ela esteja elevada", explica a nutricionista Cristina Martins, que analisa o alimento na Embrapa Florestas, em Colombo, no Paraná. Com menos colesterol circulante, despenca o risco de ataques cardíacos. O coração fica ainda mais protegido porque a semente cozida é uma fonte importante de potássio, mineral que faz os vasos relaxarem e, assim, ajuda a controlar a pressão arterial. 

Resultados parciais de um estudo da Embrapa, aliás, mostram que há diferenças entre o pinhão cru e o cozido - diferenças com repercussão no aproveitamento dos seus nutrientes pelo organismo. Com a exposição ao fogo, o amido do alimento sofre reações que o tornam mais gelatinoso, estado que facilita o trânsito intestinal. Além disso, durante o cozimento, a semente absorve pigmentos da casca. Esses compostos que dão o tom acastanhado ou avermelhado são antioxidantes, isto é, minimizam os danos dos radicais livres às células, inclusive dentro dos vasos. 

Apesar de calórico - são 160 calorias em uma porção de 100 gramas -, esse legítimo sulista é cheio de carboidratos complexos, sobretudo o amido resistente, que passa praticamente batido pelo processo de digestão. "Isso garante, entre outras coisas, a sensação de saciedade por mais tempo, o que evita abusos nas refeições seguintes", explica a nutricionista Geisa Liandra de Andrade, também da Embrapa Florestas. Com atuação semelhante à das fibras no intestino grosso, esses carboidratos estimulam o equilíbrio da flora intestinal, garantindo uma maior proteção contra doenças inflamatórias e tumores. 

Quem precisa de uma energia extra também tem no pinhão um parceiro incondicional. "Isso porque a semente fornece uma boa quantidade de carboidratos com baixo índice glicêmico", diz a engenheira agrônoma Rossana Bueno de Godoy, da Embrapa. O petisco se revela, portanto, uma ótima fonte de combustível, mas não dispara rápido os níveis de açúcar no sangue - uma tremenda vantagem para quem está acima do peso ou tem diabete, já que diminui o risco de picos de glicose e insulina. 

Em defesa do pinhão

Alimento dos índios há milhares de anos, o pinhão faz parte da história e da cultura no sul do Brasil. Hoje, além de fonte de pesquisa, é causa de militância em prol da conservação das araucárias, da coleta sustentável da semente e da sua inclusão na gastronomia.

Nos últimos meses, em Curitiba, um grupo de professores realizou oficinas a fim de desenvolver receitas para um livro de culinária focado no pinhão. Os testes foram feitos no Laboratório de Técnica Dietética do Colégio Estadual Júlia Wanderley com a participação de alunos no preparo dos pratos. "O pinhão é um alimento de alto valor nutricional, mas pouco conhecido e divulgado no restante do país", diz Maria de Fátima Negre, nutricionista envolvida no projeto. 

Entre as receitas típicas, estão o entrevero, um cozido de carnes, verduras e pinhão, e a paçoca salgada, em que a semente é moída e misturada a carne-seca. Há também a possibilidade de bolar pratos mais tradicionais com um toque, digamos, sulista: basta acrescentar o pinhão ao yakissoba, à quiche de alho-poró ou a sobremesas como o cheesecake com calda de morango. Lembre-se apenas de que essa versatilidade não autoriza a gulodice. Aproveite a temporada para degustar o pinhão sozinho ou em meio a outros pratos e fique com a saúde reforçada até a primavera chegar. 

Na cozinha 
O pinhão é um alimento neutro, que fixa o sabor de outros ingredientes mais intensos. Vai bem cozido em fogo lento ou assado na chapa do fogão a lenha. Em bolos e tortas, pode ser triturado para propiciar uma massa mais homogênea. Já em risotos, carnes, sopas e saladas, o conselho é servi-lo em lâminas ou em fatias.

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