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Greve dos policiais rodoviários interrompe atendimentos e serviços

Apenas acidentes com vítimas estão sendo atendidos nas BRs

Geral - 21/08/2012 13:52 (atualizado em 30/11/-0001 00:00)

Desde a segunda-feira, as rodovias federais estão com monitoramento comprometido, sem fiscalização e a emissão de laudos e boletins. Apenas acidentes com vítimas estão sendo atendidos em Santa Catarina. O motivo é a greve dos policiais rodoviários federais.

No primeiro dia da paralisação, à tarde, houve um ato dos policiais ligados ao Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais (SINPRF/SC) nas margens da BR-101, no acesso a Florianópolis. Eles contaram com o apoio de policiais federais, que também estão em greve.

O grupo não chegou a interromper o tráfego. Por volta das 17h, havia três viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no local e policiais em serviço. O superintendente da PRF, inspetor Silvinei Vasques, disse que os carros estavam no local para dar segurança ao movimento e aos usuários da BR-101.

A adesão é de 90% da categoria em SC, conforme estimou o inspetor Hamilton Rodrigues, presidente do SINPRF/SC. Em relação aos acidentes, Hamilton deu atender que haverá um filtro no atendimento. Ou seja, o deslocamento dos policiais ao local se dará apenas se entre os envolvidos houver algum ferido ou obstrução da pista.

A greve também vai gerar problemas para quem precisar dos serviços da PRF como boletim de acidente de trânsito e laudos. Estão suspensos ainda o encaminhamento de recursos de multas recebidos nos postos, as escoltas e o auxílio às concessionárias da rodovia.

- Os policiais até vão receber as pessoas no posto e fazer o registro, mas os procedimentos não serão finalizados ou inseridos no sistema - disse Hamilton.

O presidente do SINPRF descartou novos atos como bloqueio de estradas. Poderão acontecer caminhadas na Via Expressa (BR-282), na entrada e saída da Ilha, o que geraria engarrafamentos. A categoria reivindica melhores salários, aumento do efetivo, que é de 450 policiais em SC, e a valorização da carreira.

Até â noite de segunda-feira, o superintendente da PRF avaliou que não havia prejuízos no atendimento. Em seguida, Vasques comentou sobre a legislação e as punições do código disciplinar que os policiais estão sujeitos em casos de não atendimento.

- Nossa preocupação é a descontinuidade do serviço de socorro, os atendimentos e a redução da fiscalização, porque nossas rodovias são rota de tráfico, do contrabando. É um grave prejuízo ao país o movimento grevista - avaliou o superintendente Vasques.

ENTREVISTA: Silvinei Vasques, superintendente da PRF em SC

"A nossa preocupação é o socorro às vítimas"

O comando da PRF no Estado disse que irá acompanhar o desenrolar da greve para medir as suas consequências no Estado. Por telefone, o inspetor Silvinei Vasques conversou com o DC, na segunda-feira à noite:

Diário Catarinense - Qual será a postura do comando da PRF em SC diante da greve?
Silvinei Vasques -
 A gente está aguardando os procedimentos de formalização da federação nacional dos policiais rodoviários federais. Até o presente momento, o movimento grevista não trouxe nenhum prejuízo ao atendimento normal do cidadão. Os trabalhos continuam ocorrendo normalmente.

DC - O sindicato nos informou que os policiais não vão inserir os dados de acidentes no sistema, que só vão atender acidentes com vítimas e que outros serviços também serão afetados. Como o senhor avalia isso?
Vasques -
 Isso nos preocupa muito. A PRF é uma polícia cidadã. Nesses 84 anos de sua existência nunca ocorreu nenhuma greve. Então estamos levando para a linha da conversa. Tivemos uma reunião com todos os chefes regionais do Estado, onde orientamos para que conversem com o nosso público interno e levem em consideração o cidadão, que não pode deixar de ser atendido. Da mesma forma, nossa direção-geral tem trabalhado em Brasília junto ao Ministério da Justiça para que as reivindicações - que são justas - sejam atendidas.

DC - Está prevista alguma punição com a recusa do policial, por exemplo, em não atender a um acidente?
Vasques -
 Naturalmente que existe a normativa dos servidores civis da União e o nosso regimento disciplinar. Qualquer servidor que venha a incorrer em qualquer ato que seja passível de punição - e se chegar ao nosso conhecimento - a gente tem obrigação legal de fazer o devido procedimento apuratório. Vamos aguardar como vai se desenrolar.

DC - O sindicato afirma que o efetivo em SC, de 450 policiais, é pequeno e que deveria no mínimo ser o dobro. O senhor concorda?
Vasques -
 É. O nosso efetivo hoje tinha que ser de 800 policias. Hoje, somos o Estado que mais tem flagrado condutores infratores. Temos uma grande presença no número total de apreensões no Brasil de drogas, armas e procurados. Mas há uma grande falta de servidores, não só na área operacional como na área administrativa.

DC - O sindicato diz ainda que postos poderão ser fechados no Estado. Procede?
Vasques -
 Não. Pelo contrário. Estamos aguardando agora a formatura dos novos policiais para iniciar a abertura de novos postos em regiões que estão carentes de policiamento. Serão 20 policiais para SC, mas há previsão de receber quantidade maior.

DC - Quantos postos serão reabertos?
Vasques -
 Temos que abrir urgente mais dois: na BR-153 em Água Doce (divisa com o Paraná) e na BR-163 em Guaraciaba, na fronteira com a Argentina. Um (Água Doce) já existe, está em reforma, mas não era da PRF. E o outro (Guaraciaba) vai ser criado, que é região de fronteira e hoje não tem nada num raio de 200 quilômetros.

DC - E essa informação do sindicato que às vezes há apenas um policial por turno no plantão do posto?
Vasques -
 Já chegou a acontecer. Temos o cuidado para isso não acontecer, mas assim, é um dado que temos muito cuidado em não divulgar em razão dessas quadrilhas que andam se deslocando e o nosso policial pode acabar sendo alvo.

DC - O que o senhor avalia como o mais preocupante diante da greve?
Vasques -
 A nossa preocupação é a descontinuidade do serviço, a questão do socorro às vítimas, o atendimento, a questão dos laudos, dos boletins, a questão da culpabilidade que é encaminhada à Justiça e à polícia judiciária. Também a questão da fiscalização também, porque nossas rodovias federais infelizmente são usadas como rota do tráfico de drogas, contrabando, armas e de pessoas. É um grave prejuízo ao país um movimento grevista.

Fonte: DC
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