No Brasil, mais de 15 milhões de pessoas sofrem de dor de cabeça, sendo que aos gastos com a doença no sistema público de saúde do país ultrapassam US$ 140 milhões anuais, estima a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe).
De acordo com um estudo a ser apresentado no XXVI Congresso Brasileiro de Cefaleia - que acontecerá no Rio de Janeiro, entre os dias 13 e 15 de setembro - pelo médico e pesquisador Dr. Ariovaldo Júnior, membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, "a dificuldade no diagnóstico está na falta de informação por parte da população e, até mesmo, na capacitação dos médicos".
A falta de conhecimento sobre as causas, prevenção, tratamento e o que deve ser feito nos casos em que as dores de cabeça se prolongam contribui para o abuso de analgésicos que irão mascarar a doença, podendo até torná-la crônica. Portanto, faz-se necessário investir em programas de prevenção na atenção primária, ou seja, identificar a cefaleia em seu estágio inicial e encaminhar o paciente para o tratamento adequado.
Em muitos casos, os médicos generalistas não estão capacitados para diagnosticar a cefaleia na população. Para avaliar o impacto de um programa de capacitação em cefaleias para os médicos, Ariovaldo realizou um estudo nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), em Belo Horizonte, que revelou que (no período analisado) cerca de 1/3 dos casos encaminhados foram por cefaleias.
Aproximadamente 30% dos pacientes foram encaminhamentos para avaliação neurológica, o que representa um número significativo em relação aos outros diagnósticos. No entanto, após a intervenção, houve a redução em 29,5% dos casos.
Cefaleia
A cefaleia é uma das queixas mais frequentes e representa 40% das consultas neurológicas no Brasil. De acordo com Ariovaldo Júnior, estima-se que 60% da população já apresentaram os sintomas da dor de cabeça e que 90% das pessoas no mundo um dia sofrerão com a doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a enxaqueca como uma das doenças mais incapacitantes da humanidade. No dia a dia, a enxaqueca e a cefaleia crônica diária são as que mais afetam as pessoas, deixando-as com variação de humor, falta de energia, desconcentração no trabalho e nas atividades familiares.
Existem esforços por parte da Organização Mundial da Saúde de enfrentamento global da cefaleia. A relevante prevalência de casos, o uso de medicação não apropriada, a negligência no atendimento e, consequentemente, no diagnóstico são alguns dos fatores que mobilizam a comunidade médica no combate a doença.
Segundo um levantamento feito pela OMS, o desafio está em países com sistemas de saúde em processo de desenvolvimento, como o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). O estudo reforçou que diagnósticos incorretos frequentemente conduzem a tratamentos inadequados e, consequentemente, podem aumentar o número de pacientes que necessitarão de atendimento especializado
