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Mais de 16% dos alunos do ensino médio de Santa Catarina não estão na série correspondente à idade

Geral - 16/09/2012 11:29 (atualizado em 30/11/-0001 00:00)

Santa Catarina tem 16,4% de distorção de idade-série. O índice é quase a metade da média nacional, que chega a 34,4%.
Mesmo com dados positivos, a situação no Estado não deixa de ser preocupante: pelo menos 41,1 mil estudantes estão sujeitos aos efeitos negativos da distorção o que dá uma dimensão do que ainda precisa ser feito nesse quesito. 

O levantamento de 2010 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), que elencou esses números, aponta, inclusive, que há realidades diferentes quando se observam as escolas estaduais que oferecem o ensino médio em Santa Catarina.

Na região de Massaranduba, no Vale do Itapocu, três escolas estão entre as 20 estaduais com menores índices de distorção, com porcentagens variando entre 3% e 5,9%. Das 20 escolas estaduais que oferecem ensino médio que apresentam mais distorção, seis são da Capital. Não estar na série correta pode ocasionar dificuldades com os conteúdos, baixa autoestima e pouca identificação com os
colegas e até com o material didático.

— Todo o currículo é organizado para as pessoas que estejam em determinadas fases de ensino, da vida. Não seguir a série que corresponde à idade afeta vínculos com o conteúdo e a relação com as pessoas em sala — diz o professor do Centro de Educação da Universidade Federal de SC (UFSC) e pesquisador do ensino médio de escolas públicas Juares da Silva Thiesen.

Em algumas comunidades, os alunos acabam deixando a sala de aula para trabalhar, retornando anos mais tarde. Dificuldades financeiras e até problemas familiares contribuem para que os alunos acabem repetindo de ano.

Entre as soluções imediatas para manter o estudante na idade certa seria investimento nos alunos, com professores melhor qualificados e fazendo reformulação do conteúdo fornecido no ensino médio.

— A sala de aula precisa ser atrativa e a formação deve ser sólida para preparar o jovem para ter compreensão crítica de mundo — expõe Thiesen.

Outro ponto que precisa ser corrigido, segundo o professor do Programa de Pós-Graduação da Unisul Gilvan Luiz Machado Costa, é o fator estrutural das escola públicas.

— Muitas escolas não estão preparadas para atender o ensino médio, não têm laboratórios de química, biologia, e o laboratório de informática é subutilizado. Isso acaba desestimulando os alunos — afirma Costa.

Pesquisadores defendem um esforço entre Estado, escolas e comunidades para melhorar os números relacionados ao ensino médio.

— Os alunos precisam avançar não só em série, mas em conhecimento — defende o professor da Unisul.

O levantamento do Inep/MEC inclui no fator distorção os alunos matriculados com pelo menos dois anos de diferença em relação à faixa etária correspondente à série.

Estado usa outro índice para calcular percentual de
distorção

Em relação à distorção idade-série no ensino médio, a Secretaria de Estado da Educação de SC considera um outro levantamento. Para a pasta, estudantes matriculados com um ano a mais em relação à faixa etária correspondente à série endossariam os índices de distorção.

Diferentemente do Inep, enfoca-se na média entre todos os anos da fase e o ensino médio profissionalizante é descartado do cálculo. Por isso, enquanto o Inep considera que SC tem um percentual de 16,4% de distorção, a Secretaria trabalha com 20,5% para o Estado. Mesmo assim, os números estão bem abaixo da média nacional, de 34,4%. E não é só nessa lista que o Estado está entre os melhores.

O Censo Escolar 2011 do Inep apontou SC como o terceiro Estado com a menor taxa de repetência no ensino médio. Dados do movimento Todos Pela Educação também destacaram o Estado como a unidade da federação onde mais alunos concluíram o ensino médio até 19 anos, com o percentual de 69,1% em 2009.

Para a gerente do Ensino Médio, Maike Cristine Ricci, os indicativos positivos são reflexo do trabalho realizado no ensino fundamental. A estimativa é que, a partir do ano que vem, os registros de distorção sejam ainda menores, em função do programa de correção de fluxo, que começou este ano.

O plano, com base em dados de 2011, é voltado para alunos com 13 anos ou mais que cursavam o quinto ano e para aqueles com 14 anos ou mais que estavam no sexto ano do ensino fundamental. Até dezembro, esses alunos frequentarão aulas do programa, que envolve disciplinas de português, matemática, artes e educação física. No ano que vem, eles seguirão diretamente para o ensino médio. Entre os educadores, a medida gera polêmica, em relação ao preparo que esses alunos terão para acompanhar os anos seguintes.

A gerente do ensino fundamental da pasta, Marilene da Silva Pacheco, explica que o plano pretende corrigir as distorções de série, desenvolvendo habilidades por meio de atividades interdisciplinares para que o estudante tenha um bom desempenho no ensino médio. Mesmo assim, no ano que vem, deverá começar um trabalho de recuperação paralela, que auxiliará na correção de possíveis
defasagens de conteúdo.

Fonte: Diário Catarinense
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